Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó

sábado, 22 de janeiro de 2011

PASSOS NO QUINTAL

PASSOS NO QUINTAL

                  A madrugada já estava avançada quando foi despertado pelo pesadelo que
Infligia seu sono. O quarto estava iluminado por uma tênue luz do abajur na cabeceira ao lado da cama. Levantou-se, calçou os pequenos chinelos e caminhou para fora do quarto. O corredor estava escuro, mas conseguia enxergar a escada. Desceu devagar, degrau por degrau, ainda assustado pelo pesadelo que o despertou no meio da noite. Chegou na sala que também encontrava-se na penumbra e seguiu devagar, quase que tateando as paredes em direção à porta.
              A noite estava fria e caía uma chuva fina. A porta foi aberta e o pequeno menino apareceu timidamente, sentindo o frescor na varanda, seus olhos estavam sonolentos e sua face deixava transparecer um certo temor. Caminhou lentamente para o quintal, ouvindo as vozes da noite que sussurravam seus temores, suas fantasias, sua esperança de alcançar a liberdade que está tão distante ainda. Parou no meio do quintal, próximo ao balanço, que viajava de um lado para o outro, empurrado pelo vento, e sentou-se na grama para brincar com as pedras sem importar-se com a chuva fina que molhava seu rosto. As pedras subiam e desciam seguidas pelo olhar e aparadas pelas pequenas mãos antes de tocar o solo. As pedras subiam e desciam levando-o  sonhar através das estrelas escondidas pelas nuvens, pela chuva que refrescava sua alma. Deixou as pedras de lado, levantou-se e seguiu caminhando. O portão estava à sua frente, era só abrir e a liberdade da rua estaria inteira, vacilou um instante, imaginando que os monstros lá de fora, da rua, da vida, poderiam ser piores que os que habitavam seu quarto. Adormeceu no gramado, cansado de procurar uma saída, de ser prisioneiro do castigo no quarto escuro, habitado pelos monstros das histórias infantis feitas e contadas para ninar crianças, onde os pesadelos entravam com o vento pela janela

11 comentários:

  1. Olá, Arnold
    Muito agradável de ler sua história, a riqueza de detalhes nos transporta para o espaço onde se passa a narrativa. Parabéns, amigo!!!
    Beijos!!

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  2. Gosto deste tipo de texto, onde as lembranças assaltam a alma e comandam a exposição das palavras. Também gosto de escrever as minhas lembranças. É como o agarrar o nosso eu na totalidade e darmos sentido ao todo do nosso percurso pela vida. Eu acho que nos ajuda a valorizar as mais pequenas coisas que em pequenos nos deliciou, mas a que ainda não sabíamos definir como agora. Tudo tem o seu tempo de maior acção... até as lembranças.
    Parabéns!
    Fernanda

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  3. Que lindo desfile de imagens e emoções desfilaram neste momento!!
    Maravilhosamente escrito!
    Aplausos meu amigo
    Bea

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  4. me fez lembrar a minha infancia tantos temores...
    lindo!

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  5. Arnoldo querido!
    Olá, tudo bem?
    Vim fazer uma visitinha
    e ler as novidades!!!
    "Eu te desejo
    Não parar tão cedo
    Pois toda idade tem
    Prazer e medo...
    E com os que erram
    Feio e bastante
    Que você consiga
    Ser tolerante...
    Quando você ficar triste
    Que seja por um dia
    E não o ano inteiro
    E que você descubra
    Que rir é bom
    Mas que rir de tudo
    É desespero...
    Desejo!
    Que você tenha a quem amar
    E quando estiver bem cansado
    Ainda, exista amor
    Prá recomeçar
    Prá recomeçar...
    Eu te desejo muitos amigos
    Mas que em um
    Você possa confiar
    E que tenha até
    Inimigos
    Prá você não deixar
    De duvidar...
    Quando você ficar triste
    Que seja por um dia
    E não o ano inteiro
    E que você descubra
    Que rir é bom
    Mas que rir de tudo
    É desespero...
    Desejo!
    Que você tenha a quem amar
    E quando estiver bem cansado
    Ainda, exista amor
    Prá recomeçar
    Prá recomeçar...
    Eu desejo!
    Que você ganhe dinheiro
    Pois é preciso
    Viver também
    E que você diga a ele
    Pelo menos uma vez
    Quem é mesmo
    O dono de quem...
    Desejo!
    Que você tenha a quem amar
    E quando estiver bem cansado
    Ainda, exista amor
    Prá recomeçar...
    Eu desejo!
    Que você tenha a quem amar
    E quando estiver bem cansado
    Ainda, exista amor
    Prá recomeçar" (Frejat)
    ______________________
    Beijos, muitos!
    Sônia Silvino

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  6. ao ler este texto tão cheio de detalhes me levou em uma viagem de retrospecto a valores e sensações às vezes esquecidas neste mundo tão agitado em q vivemos. parabéns e muito obrigado por proporcionar esta maravilha de texto.

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  7. Lembranças bonitas devem ser compartilhadas.
    Q linda a imagem q escolheste.

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  8. Viagem contigo lendo esse escrito. Foi como reescrever cada linha e viver cada imagem. Parabéns.

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  9. Voltei ao passado, com este menino, os sonhos de criança os medos, as histórias infantis tão real em minha mente. Lindo, lindo conto. Amei, uma linda noite meu amigo e beijinhos carinhosos para ti.

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