Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

BOTÃO DE ROSA



Meu botão de rosa caiu
Foi levado pelo vento
Correu os quatro cantos
Em seu lugar nasceu o pranto

Que me exilou
Que me isolou
No canteiro da solidão
Da minha rodovia

Um jardim ficou sem o tempo
Sem o balanço das flores
Sem o beijo do colibri
Sem a puberdade que vivi

sábado, 24 de dezembro de 2011

DEUS É FRÁGIL

Ainda há pouco
Eu estava bebendo uma cerveja num bar
Algumas crianças estavam brincando por ali
E uma menininha de cabelos louros
E olhos azuis
Mostrou-me como o Super-Homem e o Batman são frágeis
Os pais das crianças estavam do outro lado da rua
Da rua tão deserta
Um deserto tão ermo que não tinha nem Esfinge para nos olhar
Ou proteger as crianças
As crianças estavam tão sozinhas
Que pude perceber o quanto Deus é frágil
Deus é tão frágil quanto o Super-Homem e o Batman
As portas estão fechadas
E as luzes logo irão se apagar
Deus vai proteger sim
As crianças que estão em seus lares
E não as que estão pelas ruas a vagar
É tão triste ver crianças num bar

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

VENTOS NA PRIMAVERA



Olhei através
Da cerca de arame
E vi que no seu quintal
Brilha o sol
Que brilha no meu quintal

Um sol de igualdade
Apesar dos ventos
Apesar da sorte
Em saber amar
Através do olhar

Espero colher frutas
E repartir
Sentir as flores
E sorrir
No meu lado da terra

Espero colher na primavera
A semente que plantei
Através do olhar no arame
E sentir que o sol é o mesmo
Se o inverno passar 

Arnoldo Pimentel
Quer uma dica de boa leitura poética?
Visite e siga o blog do Fabiano Soares da Silva
http://fabianopoe.blogspot.com

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

FOLHA MORTA

Meu quarto está vazio
Minha sala está vazia
Não tenho esperança de alcançar
Onde minha estrela espera

Vou esperar
Meu coração sangrar
Até a última gota de sangue
Da minha folha morta

Não vejo razões para mudar meu caminho
Só encontro espinhos
Entre as paredes
Que dividem meu túnel

Meu cálice não é sagrado
E foi derramado no mar de desventuras
Para me afundar no vazio
Que se criou em meu longo e triste estio

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

DESERTO ENCABULADO

Não tenho ninguém para conversar
Mundo desabitado
Deserto encabulado
Sem sombras para descansar

Sobras de perfume evaporaram
Foram de encontro à noite
Buscar a melancolia escondida
Na vida desfalecida

Não tenho ninguém para olhar
Para separar as gotas de orvalho
Evitar que as folhas se desprendam
Para não mais voltar

Sou um mundo no vazio
Um país sem povoado
Mar sem água para se alimentar
Lua sem sol para brilhar

Não tenho ninguém para abraçar
Para sufocar meu soluço
Para me agasalhar
Não tenho ninguém para navegar

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

sábado, 26 de novembro de 2011

TEMPO SEM VENTO


Já não sei dizer se sou
Bálsamo
Flor
Ou fruto
Se meu perfume
Cabe dentro da minha solidão
Se meu violão entristecido
Ainda sabe os acordes
Da sua canção
Já não sei dizer
Em que tempo estou
Não sei dizer se sou estrela
Ou lua
Ou uma janela sem vidros
Por onde
O vento da saudade entrou

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Lançamento Livro "NUVENS" de Arnoldo Pimentel



Uma vida é feita de muitos instantes. Em uma visão superficial tais instantes podem parecer corriqueiros, insignificantes e ou  ordinários. Todavia, olhares atentos os re-significam  e lidam com eles dispensando atenção merecida.
Em Nuvens, Arnoldo Pimentel nos convida a apreciação das belas  imagens de instantes simples.  Ele se torna o anfitrião que nos leva da escolha da camisa ao passeio no Leblon.
Aquele que se atenta à beleza da simplicidade, nos leva a questionar sobre a importância dos instantes, sobre o que o efêmero representa em nossa existência. O poeta nos aconselha que apesar da fugacidade do instante, ele é o que torna o que somos, o que vemos e apreciamos. Não atentar-se a isso é evaporar-se na areia, é desejar partir da vida só para não sentir dor.

 Rosilene Jorge dos Ramos

sábado, 24 de setembro de 2011


INTERIORES

Silencioso pelo vale
Apenas tomam o rumo
Que já foi escolhido



Dia 29 de setembro estarei me apresentando com o Gambiarra Profana na Casa de Cultura Sylvio Monteiro em Nova Iguaçu RJ

Estarei ausente até meados de outubro para os últimos acertos do meu próximo livro “NUVENS” com lançamento previsto para início de novembro, o livro será editado pelo “Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó e poderá ser adquirido através do Site “Mercado Livre”, pelo blog do “Gambiarra Profana” ou diretamente com Arnoldo Pimentel

Desde já agradeço a compreensão, o carinho e a amizade de todos, assim que possível retornarei para retribuir as visitas.

domingo, 18 de setembro de 2011

AMANHECEU

AMANHECEU

Sobraram estrelas
No céu dos meus dias
Não as usei na fantasia
Para forjar minha alegria

Sobraram garrafas na mesa
Quando o bar fechou
E o sinônimo do deserto
Lavou minha alma

Sobraram tristezas no fim
No murmúrio que calou o ouvido
Que calou o grito na escuridão
Das sobras do papel tingido

Bastou as estrelas partirem
O sol rasgar as montanhas
Para eu desfalecer no abandono
Que a noite me impôs

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

VIDROS


VIDROS

Como eu poderia sorrir
Se não sei amar
Se não sei olhar
Para onde se pode brilhar

Como eu poderia amar
Se não quebrei os vidros
Que me cercam
Nos longos dias sem noite

Como eu poderia nadar
Se os peixes
Não me ensinaram a voar

Como eu poderia viver
Se meu sorriso se escondeu
Na mesma noite que nasceu

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

LAGO SEM CISNES


A brisa solitária tocava meu rosto com delicadeza
Enquanto olhava as águas serenas
Tentando esquecer a sensação que ficou entre mesas
Que balançavam quando ofuscadas por sua beleza

Brisa que exalava o perfume das flores que margeiam
Nossas vidas nos dias de tristeza sem gangorra para balançar
Saboreando a melodia sutil que penetra em nossa alma
Misturando a desilusão com a certeza que não poderá amar

Brisa sem cisnes para deslizar
Entre a linha tênue da desesperança
Que limita seus passos
Para não abraçar

Brisa sem o esplendor das estrelas
Céu que escureceu o lago deserto
Sem lírio
Sem cisne ou amor por perto

Brisa que insiste durante a névoa
Que não adianta sonhar com o amanhã
Quando o amanhã não existe
E se esconde no fundo do lago

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

LÍRIOS DEVASTADOS


Só fui feliz no olhar
Só fui feliz através da janela
Através das grades
Que vivem para me aprisionar

Só fui feliz na solidão
No sótão
No porão
Só fui feliz na minha aflição

Só fui feliz na ventania
Que devastou meus lírios
No amanhã sem lar
Só fui feliz para me amordaçar

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

SEM PRIMAVERA


As nuvens escurecem
Meu céu
Os raios estremecem minha savana
Queimam minha cabana

Encontrei neblina
Na minha estrada
Paisagem escondida
Em cada canto da vida

Sou um rosto sem multidão
Perdido nas estações do ano
Sem primavera
Sem violão

segunda-feira, 25 de julho de 2011

NOITE E O ORVALHO


                                      NOITE E O ORVALHO

Minha noite não tem orvalho
É carente de seus olhos
Estou num atalho
Que me levará a uma ponte distante de você

Minha noite é feita de silêncio
De fumaça
Que embaça
A janela de vidro

Minha noite não tem agasalho
Só sente o frio
Que chega com a chuva

A noite é minha tormenta
Devasta minha fantasia
Entristece minha poesia

segunda-feira, 18 de julho de 2011

GAIVOTAS


                                             GAIVOTAS

Não adianta aprisionar
Deixar de sorrir
Deixar de sentir
Deixar de amar
Não adianta
Olhar as gaivotas
Pelo quadrado da janela
Se não puder zarpar
Escutar o badalar dos sinos
Se não souber ouvir
Se não souber rezar
Não adianta se afligir
Se seus braços não vão partir

segunda-feira, 11 de julho de 2011

ÁRIDO


Qualquer dia
Vou afogar-me nas lágrimas
Das montanhas queimadas
Do meu planeta árido

Sou árido
Como o cometa que cruza o meu céu
Sou o véu
Da cachoeira nebulosa

Sou o sangrar
Do lobo selvagem
Nas veredas
Incertas da minha vastidão

sábado, 2 de julho de 2011

CÉU DESABITADO



Esperar o tempo passar
Contar as horas
Esconder o carinho sonhado
O céu desabitado

Sentir a lágrima do orvalho
Que corta na noite
O sentimento reprimido
E o luar abandonado

Na claridade do amanhecer
Sufocar a angústia
Conter a doçura do olhar
Até a vida passar